40 anos depois


Carol Canabarro

Há 40 anos, puxei o ar sozinha pela primeira vez. Desse dia, lembro apenas as memórias que me deram. Sei que saí do ventre da minha mãe roxa, praticamente sozinha e com duas voltas do cordão umbilical no pescoço. Como um spoiler da vida, soube que as coisas não seriam fáceis, mas eu aterrizava com todas as ferramentas necessárias para sobreviver.

Ao longo dos anos, meus olhos verdes presenciaram coisas que muitos olhos maduros nunca estarão prontos para suportar. Revidei. Decidi escrever minha própria narrativa com a tinta da resiliência e do otimismo. Para cada vez que a vida me dobra, envergo e levanto, ainda mais forte e certa de que há um lado bom em todo passo da caminhada.

Diferente do parto, conto com o apoio da minha, caótica e encantadora, família e das minhas amigas, que mais parecem uma alcateia. Eles me dão segurança para voar o mais alto que meus sonhos podem conceber e ter para onde voltar quando uma asa (ou um joelho) quebra. Sempre prontos para me proteger, mesmo que isso signifique me proteger de mim mesma, suas mãos afrouxam os laços que, volta e meia, surgem ao redor da minha garganta.

40 anos depois do primeiro fôlego, durante três dias, comemorei ao lado daqueles que me lembram quem eu sou e quem devo ter por perto. E assim, vou escrevendo minha história, por vezes com rabiscos ilegíveis, mas sempre cheia de tinta e coragem para escrever novos e mágicos capítulos.

Que venham, pelo menos, mais 40 "quinzes de abril".

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Carol Canabarro

E-mail: carolinecanabarro@gmail.com

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